A Angústia da Primeira Geração

O problema é que eu tô lendo Hebreus, e tudo lá me faz sentir pertinho de Deus. Esse lance de ''Eterno Sacerdote que nos leva de volta pro Pai'' me coloca na sala do trono! Sem falar na minha própria vida, é tanta edificação, tanta palavra de ânimo vinda dos irmãos, tanta comunhão com o Pai e acesso fácil a ele! Vixi! Que privilégio!

Mas aí veio Hebreus 11. Você deve lembrar do escritor falando lá: ''Pela Fé nossos antepassados fizeram e aconteceram...''

Se você for ver, Abel é o primeiro exemplo nesse texto, em que ele vai falar dos antigos que alcançaram bom testemunho pela fé. Mas a questão não é essa. Isso na verdade é só o bilhete da minha viagem.

Quando o escritor fala de Abel, termina dizendo ''depois de morto, ainda fala''.

=O (minha cara na hora que li isso)

Não lembrava desse detalhe um tanto estranho.Acabei parando em Gênesis pra esclarecer melhor a história. Não encontrei nada sobre isso, mas porque não terminei de procurar. Achei uma coisa muito interessante no meio da busca e acabei esquecendo do morto falante (com todo respeito ao queridíssimo Abel).

Imaginem o que foi: UMA GENEALOGIA!

Chamou a atenção o último versículo de Gn 4, falando da genealogia de Adão: ''A Sete nasceu-lhe também um filho, ao qual pôs o nome de Enos; daí começou-se a invocar o nome do Senhor.''

Não sei se foi bem assim, mas esse versículo me deu uma impressão de que bateu o desespero nos da época de Enos, em outras palavras, parece que eles tiveram noção da gravidade da situação dos homens: distantes de Deus.

A coisa era séria. Imagino Adão passeando com Deus todo dia naquele jardim fantástico, e numa tarde infeliz, depois da queda, ele olhando pro lado e pro outro, sem reação diante daquele profundo vazio na terra e dentro do coração dele (é, aquele mesmo que você sente sem Deus) - parei agora, pra orar: ''Obrigada por tua companhia, meu sacerdote.''

Não sei por quê só no fim de Gn 4 começam a invocar o nome do Senhor. Isso deveria ter acontecido no início de Gn 3! (por incrível que pareça, faz uma diferença enorme, lembre que Gn 4 é uma Genealogia!).

A falta de Deus é desesperadora. Graças a ele por sua misericórdia que nos leva a uma nova aliança, onde voltamos a passear no nosso jardim fechado com Jesus. Ele nos mostra as plantas que precisam ser regadas com sua palavra, colhe os frutos bons que nos esforçamos tanto em produzir para poder entrgar a ele (Ah, Cantares de Salomão...) e nos leva à Árvore da Vida.

Sabe, o melhor nisso tudo é que Deus não precisa voltar amanhã de tarde. Ele já está aqui. O tempo todo. Não é a toa que o chamam Emanuel. Se quer comprovar, vá ler Hebreus.

E quanto a Abel...Ah, quando eu morrer, falo com ele.

Abraços Sacerdotais,

Marta Andrade.